Você sabe o que é Integração Educacional? Entenda as diferenças entre Inclusão e Integração
- Construindo Conhecimentos
- 19 de ago. de 2021
- 3 min de leitura

No que se refere à Educação Especial e à Inclusão, um conceito essencial é, muitas vezes, deixado de lado: a Integração Educacional. Fala-se muito na necessidade e importância de inserir as pessoas com deficiência ou necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino, mas não basta incluir, é preciso integrar. Como fazer isso?
Pensando historicamente, até a década de 70 o modelo educacional voltado para as necessidades educacionais especiais e para as pessoas com deficiência era um modelo assistencial, centrado no déficit e no desenvolvimento de capacidades e habilidades compensatórias. Portanto, a Educação Especial era feita em classes especiais, com um currículo diferenciado, não havendo integração da pessoa com deficiência na “escola regular”.
Com o passar do tempo, passou-se a trabalhar com a concepção de Integração Educacional, na qual se compreende que todos têm direito à uma mesma educação. Entende-se que o próprio sistema educacional deve fazer as adaptações necessárias para o atendimento das diferentes demandas educativas. Ou seja, a Integração Educacional pressupõe uma mudança de paradigma na qual a aceitação da diversidade e seu acolhimento são essenciais.
No âmbito da aprendizagem, a diversidade se refere ao fato de que todos possuímos necessidades educacionais que nos são próprias. Portanto, a escola deve levar em conta as singularidades de cada aluno, estabelecendo no currículo escolar as aprendizagens que favoreçam a sua socialização e proporcionando a vivência das mesmas. É importante lembrar que as necessidades educacionais individuais têm a sua origem não apenas na história pessoal de cada aluno, mas também em aspectos culturais e sociais.
Essa mudança de paradigma mencionada acima está pautada na universalização do acesso à educação e promoção da equidade, que é um dos principais objetivos da educação de acordo com a UNICEF (1990). Isso significa que a Educação Inclusiva não se refere a um modelo de educação, mas que toda a educação deve ser inclusiva.
“A educação inclusiva, mais que um tema marginal que trata como integrar certos estudantes ao ensino convencional, representa uma perspectiva que deve servir para analisar como transformar os sistemas educativos e outros ambientes de aprendizagem, com a intenção de responder à diversidade dos estudantes” (UNESCO, 2005).
Mas afinal, qual a diferença entre Inclusão e Integração?
De acordo com Porras (2009), a Integração busca a inserção das pessoas com necessidades educacionais especiais, criando mecanismos externos à educação regular recebida pelas demais crianças no contexto escolar. Ela propõe a adaptação curricular como medida de superação das diferenças dos alunos com necessidades específicas de apoio educacional. Ou seja, devem ser oferecidas as mesmas oportunidades, porém, adequando os meios e condições de acordo com a necessidade de cada um.
Já a Inclusão se apresenta como um direito de todos os indivíduos, apresentando ou não algum tipo de necessidade, propondo um currículo comumpara todos. Portanto, o currículo não deve ser entendido como a possibilidade de que cada aluno aprenda coisas diferentes, mas sim, de aprendê-las de uma maneira diferente. Ou seja, a Educação Inclusiva pressupõe a Integração.
No entanto, a atenção às diferenças coloca a escola diante do difícil desafio de alcançar o equilíbrio entre proporcionar um currículo comum para todos os estudantes, ao mesmo tempo, respeitando a singularidade pessoal, cultural e histórico-social de cada um. No que se refere, especificamente, às necessidades educacionais especiais, podemos dizer que elas impõem à escola a criação de recursos e medidas pedagógicas especiais ou de caráter extraordinário, distintas da que requerem habitualmente a maioria dos alunos, e tudo isso, em um contexto educacional o mais normalizado possível.
Podemos perceber que a compreensão da Inclusão se ampliou ao longo dos anos, e como ela está relacionada à construção de uma sociedade mais justa e democrática. Incluir é não discriminar. É acolher a cada um em suas singularidades, abraçando as diferenças.
Referências
PORRAS, R. V. Capítulo II. In. Personas com discapacidad y acceso a servicios educativos em Latinoamérica. Ediciones Cinca [e-book] Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/267452569_Personas_con_discapacidad_y_acceso_a_servicios_educativos_en_Latinoamerica
UNESCO. Orientações para a Inclusão: Garantindo o Acesso à Educação para Todos. UNESCO: 2005. Editado em França. Tradução de: Maria Adelaide Alves e Dinah Mendonça.
UNICEF. Declaração mundial sobre educação para todos. Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien, Tailândia: UNESCO, 1990. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-todos-conferencia-de-jomtien-1990
Comments